Sigo hoje pela estrada de cristal.
Dois caminhos se encontram na encruzilhada escrita por Sophia de Mello Breyner nos seus Contos Exemplares.
A minha mente resvala para um filme chamado Contos Imorais.
Ambos me educaram. Na beleza e erotismo.
As pulsões de vida estão todas aqui. A da beleza infinita e a do desejo profundo.
Quando amamos o belo ou desejamos profundamente ficamos transparentes como a água fresca ou o vidro polido.
Em nós os outros veem peixes às cores que rodopiam no lago da nossa alma. Ou campos de girassóis no prado fértil.
A única coisa que me falta compreender porque insistem as borboletas a beijar-se sôfregas nas nossas barrigas.
Somos transparentes. Límpidos. Inocentes no desejo. Ou culpados no querer.
Mas o pecado da culpa é tão subversivamente subtil quanto saboroso.
E a culpa desenterrada pelo desejo abre um poderoso caminho do nosso subconsciente para a arqueologia de nós próprios.
E a nossa transparência vista de fora é mais turva para nós.
Porque insistimos em esconder o mais íntimo inconfessável dos nossos olhos?
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